INQ E agora actualmente com o que é que costuma rapar?
INF Oh sim, agora isso então é muito interessante, que começou a aparecer… Havia aqui um senhor que era muito habilidoso e que consertava muitos relógios de parede.
INQ Rhum-rhum.
INF E tirava as cordas e punha outras cordas. E com as cordas velhas dos relógios começou a fazer umas rapadeiras. Mas quando começou a aparecer essas rapadeiras, [vocalização] foi uma coisa era uma coisa maravilhosa e uma coisa rara. Só que poucas pessoas tinham as rapadeiras, emprestavam. Mas as rapadeiras não faziam o que fazem hoje. As rapadeiras só rapavam quando o porco já estava muito limpo, muito lavado, que era para não estragar muito a rapadeira. Era só para esbranquear mais o [vocalização] o coiro do do porco. E [vocalização] havia poucas pessoas que tinham e emprestavam aquilo mas era por um especial favor. Depois começaram a aparecer mais facas, começaram a rapar-se melhor. Ainda o meu marido dizia que – me contou há dias – que tinha uma faca… Só havia uma faca de matar [pausa] e a pessoas ele… Era o marchante que tinha aquela faca e ainda era e ainda era uma faca má. E a gente tínhamos uma faca, que eu ainda… Tivemo-la até há poucos anos – agora já não sei se ela existe ou não –, era um com um cabo de osso de baleia, um cabo de osso de baleia grosso, não tinha corte que prestasse, mas era uma faca apreciada só para rapar o porco. Aquela faca era apreciada para rapar o porco. Depois foi-se foram melhorando, depois apareceram os maçaricos [vocalização] a gás, que ainda foram poucas pessoas… No princípio as pessoas achavam que o toucinho, o conduto do porco, não era tão saboroso com o chamuscar do gás como com a rameira. Ainda havia muita Já haviam pessoas que ras- que chamuscavam o porco com o gás, mas enquanto ainda outros era sempre com as rameiras. Iam sempre buscar, que hab- aquele cheirinho da rameira [vocalização] gostavam mais. Depois começou a aparecer os, os os maçaricos a chamuscar com o gás, pois já se vê que já faz muito mais limpeza. Ah, também se rapava antigamente com o sacho, que já hoje não aparece. Mas não se matava o porco que não fosse… A primeira rapadela era com o sacho – a chamuscar com a ramei- rameira e a rapar com o sacho. Hoje já não se usa isso. [vocalização] Depois então começaram a aparecer muitas rapadeiras e hoje toda a gente tem montes de rapadeiras. E E hoje então há muita facilidade de se tratar dos po- de se rapar e limpar os porcos.