INF A caseira da melancia e do melão é uma cova funda, [vocalização] uma cova que tem que leva o espaço dum cesto. E no fundo dessa cova põe-se um cesto de estrume, um cesto de esterco. E depois tapa-se a caseira com terra. E depois aquilo é em circunferência, é em redondo. E depois faz-se em redondo e [vocalização] na, por fora, na na parte de fora da, da, da daquela circunferência faz a [vocalização] [pausa] a sementeira. Põe a pevide. [vocalização] Pode-se pôr numa caseira vinte, trinta pevides, que depois podem nem todas nascer, podem, às vezes, algumas os bichos roerem. Depois, se elas nascem todas, são tra- trabalhadas e arraladas. E pode ficar em cada caseira, sei lá, dez, doze plantas. E depois aquela, aquilo elas são as caseiras são esp- espaçosas, sei lá, um espaço de metro, umas das outras, [vocalização] para todos os lados. Portanto, quem faz uma hor-… Fazia-se hortas de vinte caseiras, de trinta caseiras… [vocalização] Outros fazem caseiras mais pequenas.
INQ O feijão nunca era à caseira?
INF O feijão aqui, normalmente, é semeado c- junto com o milho, [pausa] com o milho de maçaroca.
INQ Rhum-rhum.
INF [vocalização] Semeia-se o milho e [vocalização], de quatro em quatro regos, semeia-se um rego de feijão. Semeava-se! Depois isto aqui é um lugar muito ventoso, as pessoas, vinha às vezes um ciclone que lhe deitava os milhos todos no chão, as pessoas para tirar o mi- os feijões entre meio do milho, era muito difícil, custava muito!
INQ Rhum-rhum.
INF Mas houve anos que não se podia fazer senão assim, porque as terras eram tão poucas, que a pessoa tinha que aproveitar a terra o mais que podia.
INQ E a batata também não era à caseira, nunca se fez à caseira aqui? Só ao rego?
INF Não, também ele a batata a batata é semeada na horta, que de cedo costuma-se a semear os um cestinho de asa – ou dois cestinhos – dessas batatas para chegar [vocalização] mais cedo, que não há Espírito Santo sem batata nova. Tem que se ter a batata nova para comer com a carne fresca. Portanto, aí era semeada ao rego, à enxada, mas sempre ao rego. Mas essa batata que é semeada assim de cedo, é também semeada com estrume. Põe-se o estrume no fundo do rego. E antigamente não era assim porque é como eu eu estou sempre a dizer que [vocalização] não havia possibilidades. Havia pouca comida para o gado. Cortava-se os tremoços… Hoje já não se faz assim. Arranca-se o tremoço, põe-se no fundo do rego, e põe-se adubo, que eu ainda me lembro de não se tra- cultivar nada com adubo. Era só à base do estrume. [vocalização] Já hoje há pouca há muita casa que já não faz estrume para nada, só cultiva à base de [vocalização] de adubo, de adubagem, ou de [vocalização], de das ervas, do do tremoço. Porque o tremoço, há três, quatro anos para aqui, desapareceu. [vocalização] Há muito pouco [vocalização]… O que há de tremoço, pode-se dizer que é quase como uma [vocalização] uma re- uma recordação do do que havia. Não há tremoço. O tremoço de- deixou de haver. Ou a doença do tremoço, ou ou a doença da terra, o tremoço deixou de de dar. Mas cultiva-se a fava e a aveia, o centeio, porque faz o o outono no lugar do tremoço. Porque o tremoço já hoje não faz falta para o para o gado. Fazia, fazia falta Faz falta para estrumar as terr- as terras. Mas para o gado não faz falta porque [vocalização] vem o trevo substituir e vêm os outros comeres mais doces, que o tremoço amargava e o gado também já não gostam tanto.