INF1 Ah, hoje é tudo em serração, mas naquele tempo era tudo à mão.
INQ1 Pois.
INQ2 Pois, pois.
INF1 E eu mais o meu pai – eu era pequenino, mais ou menos como este, mas nunca mais me esqueceu –, e o meu pai foi a pôr um moinho [pausa] de água que nós temos lá em baixo. Ele foi levar o milho, um saco de milho, e eu também levei um bocadito – o que eu podia! –, e fomos lá, e depois o meu pai era muito amigo com eles e veio até lá. E ele foi, esse [vocalização] ele o Atalarico começou para o meu pai: "Ó Astrigildo" – onde estava o velho do Atamante, aquele, o tal que eu vos já falei que tinha uns livros muito bons…
INQ1 Sim.
INF2 Tinha, tinha.
INF1 Também lá estava esse homem. E o sogro desta. O sogro? Pois, era o sogro!
INF2 Pois era, pois era.
INF1 O teu sogro. E estavam lá todos a conversar, eram todos amigos e ele andavam lá a serrar – a serrar madeira para esteios para a vinha! E depois diz ele assim: "Ó Astrigildo" – para o meu pai –, "Ó Astrigildo! Vocês porque é que não prantam videiras aqui"? "Ai, aqui não dá", dizia o sogro desta – porque este, o sogro desta, tinha muitas quintas.
INF2 Tinha lá fora.
INF1 Tinha lá fora. Tinha em Santa Cruz uma grande quinta. Tinha no Toutuço ali [vocalização] em Arouca também uma grande quinta.
INF2 Em Arouca.
INF1 Tinha em Souto Redondo.
INF2 Tinha em Souto Redondo.
INF1 Tinha, naquele tempo ainda tinha, em Padruça. Tinha o [vocalização] o coisa, o… Como se chamam? Os castanheiros acolá no [pausa] no Espinheiro [vocalização].
INF2 No Espinheiro.
INF1 Tinha em acolá em… Como se chamava essa senhora lá ? Um qua- Mas lavrava lá um quartel de milho. Que vocês Era…
INF2 A Torre de Viana?
INF1 Não, mulher. Em Em cima.
INF3 Está o senhor Berto?
INF4 Não está.
INF1 Provezende!
INF2 Ah, em Provezende.
INF1 Em Provezende vocês lavravam lá um quartel de milho.
INF2 Sim, sim.
INF1 E depois: "Oh, aqui não dá! Ó senhor Atalarico, aqui não dá". Dizia ele: "Ah, burros! Ah, burros! Olha que aqui dava vinho bom. Vocês é que não prantam. Vocês sendes uns burros"! O meu pai e os outros começavam [pausa] ele a botar tudo abaixo aos homens. Mas agora eu gostava que esses homens ainda fossem fosse vivos.
INQ2 Pois.
INQ1 Pois.
INF1 Para ver o vinho e agora… Porque não, ele não se acreditavam!
INF2 Ah, pois não!
INF1 O An-, o pai da O homem da Branca, o teu cunhado, [pausa] o Atanásio, não andava a pôr videiras?
INF2 Sim.
INF1 Tu não sabes como é?
INF2 E ele fazia mangação.
INF1 E ele era para mim: " [vocalização] Eh, Arquibaldo, tu ainda um dia há-des lavrar pipas de vinho". E eu disse: "Não". E ele foi-se embora: "Ah, ah, ah"! A fazer mangação. Ele agora havia de ser vivo que eu [vocalização] dizia-lhe se eu tinha pipas ou não tinha pipas.
INQ1 Pois.
INQ2 Pois.
INF É. Tudo vai do trabalhar e do zelar.
INF2 E então e ele amadurece aqui que é uma beleza!
INF1 Oh Jesus!
INQ1 Pois, pois.
INF2 Aquilo são como açúcar!
INF1 Ah!
INF2 Como quem come açúcar!
INQ1 Pois é.
INF1 Mas ele, meu amigo…
INF2 Doces! E então é um vinhinho que não tem remédio, não tem nada.
INQ1 Pois, pois.
INF1 Nada! É só próprio da videira!
INF2 Se quiser, [vocalização] quem for doente pode-o beber! É só Ele é só da videira!
INF1 Pode, pode, pode. [vocalização] É próprio de…
INF3 É só da videira.
INQ1 Mas, realmente, pois, os antigos também não sabiam essas coisas, sabiam outras.
INF2 Ele Era sim, pois era.
INQ1 Pois.
INF2 Pois também não.