INQ Não tem mais sem ser esta? Portanto, tinha a erva com o trigo?…
INF Era a erva com o trigo e era esta. Da agricultura, parece-me que não tenho mais a este fim. Parece-me que não tenho mais a este fim. Pois.
INQ Olhe, o, o tio Hermes, portanto, costumava fazer esses versos era quando estava assim no campo, quando estava a guardar a vaca, ou?…
INF Pois, era quando estava sozinho, fazia estes versos, ia escrevendo e depois decorava. Ia fazendo os versos, e escrevendo, em chegando ao fim da conversa, parava. E depois estudava aquilo, decorava-os.
INQ Mas lembrava-se deles, não era só em casa, portanto, quando estava em casa?
INF Não, lembrava-me em toda a parte. Porque eu em me lembrando do primeiro verso – eu estudava o cante com o primeiro verso –, em me lembrando do primeiro verso, lembrava-me logo do cante. Pois. De maneiras que…
INQ E como é que se lembra de fazer aquela do, da erva e do trigo?
INF Essa da erva com o trigo foi uma conversa com um tipo de cá. Andava mirando uma seara – e esse ano chovia muito – e [vocalização] e tinha a seara abafada de erva. E ele andava estava zangado com a erva que que lhe estava dando cabo da seara, e eu ia passando, digo: "Então, estás zangado porquê"? "Ah, não vês isto?! É que eu tenho o trigo abafado em erva, nem colho daqui nada", e isto, e aquilo, lá a pelejar a vida dele, coitado. "Para que será este enredo da erva"? Eu disse: "A erva também faz falta, homem"! "Há-de ter que ver a erva, a falta que faz"! E depois abalei com a vaca, cheguei lá, comecei a escrever isso. [vocalização] Comecei a falar: primeiro foi, eu fiz a conversa dele, que era ele a dizer mal da erva, e depois fiz a conversa da erva a dizer que, que também dá que dava resultado. Pois.