INF A minha Ermesinda teve uma pensão ainda bastante tempo. E eu ia para lá ajudá-la a cozinhar às criadas. E eu é que esfregava, é que tratava do frango. Estava o frango limpinho e pronto. Depois esfregava-o muito esfregadinho com sal, com aquele sal miudinho. Muito esfregadinho, muito esfregadinho. Depois fazia um molhinho de colorau e o alho, e tudo, e esfregava tudo por dentro e por fora, por fora e por dentro, assim tudo muito esfregadinho, e com azeite, bem azeitadinhos. Punha-os todos no tabuleiro e depois metia-os no forno. Depois virava-os. Aquilo ficavam loirinhos, lindos e bem! Quando às vezes eu partia tirava-os para fora para os partirmos, diziam os clientes… Ela Ele tinha clientes que [pausa] comiam lá sempre – chamávamos nós aquilo clientes. E então: "Hoje os frangos são da Avó"! Só me chamavam a Avó. "Hoje foi a Avó que tratou dos frangos"! Eles consolavam-se todos que eu fizesse… E as caldeiradas? Isso é que eles gostavam que lhe eu fizesse a caldeirada! Isso é que ele… Em eu fazendo a caldeirada ali o o… Era um tacho grande! Era uma pensão! Era ali, levantava tudo ao ar! "Ele foi tudo embora hoje"!, dizia a minha filha. "Ai, veio a velhota, foi tudo levantado"! [vocalização] Eu cozinhei lá bastante, olhe.