INQ1 Olhe, então e depois o, aquilo fica cheio de cinza, não é, o forno, fica tudo…
INF Sim.
INQ1 E como é que se tira a cinza?
INF A cinza é é tirado com um pano.
INQ1 Com um pano?
INF Com um pano.
INQ1 Lá de dentro?
INF Lá de dentro para fora.
INQ1 Mas naquele, nos fornos… Assim nos fornos grandes, que não se chega lá com o braço, há assim uma coisa assim, tem um, um cabo…
INF Tem.
INQ1 Tem assim um cabo.
INF Tem um cabo, tem uma vara.
INQ1 Pois. E depois aqui assim tem um, uma coisa assim…
INF Pois.
INQ1 Para puxar.
INF [vocalização] Isso é o Isso chama-se um rodo, que é para espalhar [vocalização] o borralho. Que é para esp-
INQ2 Chama-se o quê?
INF Um rodo. Que é para espalhar o borralho. Para dar o calor igual.
INQ2 Se forem dois, são dois?…
INF São dois rodos. E com um Que um serve depois novamente para juntar todo para um canto.
INQ1 Pois.
INF E depois é que vai então [vocalização] o varredor. Que se chama o varredor, que é [vocalização] uma roupa velhas, que eles pedem, que agora até esses fornos já acabaram em Serpa, que está tudo fechado. Já não há fornos desses que funcionam. Quer dizer, minto. Ainda Ainda estão aí dois que funcionam. Havia aí muitos, mas já está tudo fechado. Começou a aparecer este pão da das padarias e esta coisa de conduzirem o pão para os comércios, e isso acabou. E então é que vai então o [vocalização] va- o varredor que que é esse dito pano – que eles até pediam a quem tinha roupas velhas [pausa] – que atavam a uma dita vara e depois era molhado dentro de água e depois é que varriam então o solo com aquela cinza. Depois de aquilo bem varrido [pausa] é que era o pão posto [pausa] lá dentro.
INQ1 Olhe, então e o pão ia para o forno dentro de?… Ia e vinha na, em quê? Não era na mão, pois não?
INF Não. Ia no nuns tabuleiros.
INQ1 Olhe e… Como é que se costumava pagar?… Como é que se pagava ao, à pessoa que tinha o forno?
INF A pessoa que tinha o forno, costumava-se a pagar um pão – um de cada quinze, se pagava um.
INQ1 E como é que se chamava a isso, a esse pagamento?
INF A esse pão, chamava-se-lhe uma poia. O nome próprio era uma poia. E agora já mudaram isso, mesmo esses poucos que estão já lhe chamam a pitança, que agora já não querem pão, agora querem dinheiro. Pagam, suponhamos, cinco escudos, ou dez; conforme a porção [pausa] de pães que que lá vão, assim já pagam [vocalização] a pitança. Mas o próprio é [vocalização] o nome… O próprio nome que existe enquanto existir fornos desses – mesmo que ainda estão aí dois, ainda há gente que ainda lhe chama isso – é a poia. Se forem vinte pães [pausa] que lá meter, paga dois; [pausa] se forem vinte e cinco, paga dois; se for aos trinta, paga três. Mas tem que ser um pão [pausa] de quilo para cima, todo. Tem que ter de quilo para cima. Menos de um, me-
INQ2 É de?… É de cada dez? De cada dez paga um?
INF Cada dez. Mas se alcançarmos quinze, às vezes são dez e às vezes são quinze… Se for um freguês que coza muito, também: [pausa] "Olhe, com um pão [pausa] dá"! Mas se for um freguês que parte das vezes que coza que coza pouco, uma vez que vai, também não vai a a perdoar-lhe três ou quatro pães para lhe levar um por o mesmo. Diz assim: "Olha, paga dois"! Faz-lhe dez por um. Pois. Em dez, tira-lhe um, que lhe chama a poia.
INQ1 E a parte de baixo do pão, como é que se chama?
INF É o solo.
INQ1 E a parte dura do pão, por fora?
INF Por fora, é a côdea.
INQ1 E aquela mole lá por dentro?…
INF É o miolo.
INQ2 É o quê?
INF O miolo.
INQ1 E, e quando se está a partir o pão, caem assim umas coisinhas…
INF A gente lhe chama os uns miolinhos.
INQ1 E os homens que fazem o pão, como é que se chamam? Um homem que faz pão?
INF Chama-se o [vocalização] Um homem que faz pão chama-se um amassador.
INQ2 E o homem que vende o pão?
INF Que vende Que vende o pão é um padeiro.