INF Uma vez eu eu estreei uma blusa. E depois a minha professora, foi logo dali que saí da escola, disse assim ele ele para uma rapariga ali na rua: "Ó"… E ela diz-me assim: "Ai, que asseada andas"! E eu disse: "Estreei uma blúsia". Uma blúsia, sabe? Vem ela por trás: "Anda cá. Então como é que te ensinei na escola? É blúsia ou é blusa"? "Ai, é blusa". Ficou "Que te fique em lembrança"! Disse-me ela: "Que te fique em lembrança"!
INQ Mas a senhora diz blúsia?
INF Pois, eu dizia… Agora já ninguém diz blúsia. Ele disse, aquele dia: "uma blúsia". E ela disse: "Anda cá. Então como é que se diz: é blúsia ou é blusa"? [vocalização]
INQ Por falar em blusa, ainda bem que me fala nisso!
INF Eu vou-lhe descobrindo tudo.
INQ Como é que lavava a roupa antigamente?
INF Água e sabão só. Agora já é o sabão em pó, já é mais bom de lavar.
INQ Não fazia uma coisa que…
INF Umas barrelas. Isso era as antigas que eu já não usei disso. Porque diz que os homens que usavam a camisa de linho, as calças de linho… Depois deitavam a água numa ba- num cesto, punham a roupa em camadinha num cesto de vergas, e deitavam-lhe cinza, deitavam-lhe sabão, e depois botavam aquela água a ferver em cima dela. Era a tal barrela. Mas eu já não fiz nunca. Mas ouvia-lhe falar à mãe do meu marido, que ela usava muito essa barrela.
INQ E não punham nada para cheirar bem, no meio da cinza?
INF Não. Só deitavam o [vocalização] sabão e a cinza, que era para clarear as roupas. Diziam que esta cinza de carvalho, da lenha de carvalho, que fazia clarear muito a roupa. E noutros tempos a roupa era toda branquinha, de sarja e de linho, e depois elas lavavam assim. Era como lavavam.