INF Eu tive ovelhas dezoito anos… [pausa] Tive ovelhas quarenta e cinco anos – cinquenta anos. Tivemos ovelhas cinquenta anos. [pausa] Cinquenta anos. E então dezoito anos tive, quem ordenhava as ovelhas era eu. [pausa] Eu é que batia ali a ordenhar. Ordenhava ali cem ovelhas, cento e vinte, levava uma hora a ordenhar. Mas era num mocho para não castigar os rins. Mas eles era em cócoras. Mas houve para lá um ovelheiro que foi lá e um criado que foi criado dum doutor Isaltino, que era médico, foi vê-los a ordenhar e disse: "Vocês nem sabem o que é que estão a fazer aos rins". Um mocho a cada um. E esse homem que foi lá primeiro, que foi lá moural dois anos e disse: "Eu ordenho-te as ovelhas mas têm têm-me que comprar um mocho". "Compra-se um mocho do teu tamanho". Depois ele abalou, fiquei eu a ordenhar. Eu é que ensinava os rapazes a ordenhar. Depois [vocalização] eles não queriam ordenhar, eram homens de idade, eu é que batia. Aquele era Tinha horas certas para ordenhar. Por exemplo, de manhã de manhã era sempre cedo; [pausa] à tarde, àquele às três horas da tarde ordenhava, ia metia as ovelhas para o prisco e ordenhava. As ovelhas estavam tão amestradas que já sabiam as que eram ordenhadas. Só ao primeiro dia é que custava, mas depois já sabiam, entrava tudo no prisco. Dizia-se: "Prisco, ovelha! Prisco, prisco, prisco"! Elas metia-se tudo no prisco. As que eram. As que não eram ordenhadas, não iam não queriam ir para lá. Agora aquelas que eram ordenhadas, iam… Tinha uma ovelha que era a ovelha-mestra. [pausa] Era a ovelha-mestra, era uma ovelha que [pausa] ia do princípio ao fim. Ia à parelha das outras a amparar. Era a amparadeira. Chamava-se a amparadeira. Era uma ovelha que eu tive de ensinar. Ao princípio, custou-me a ensinar. Ali dois ou três dias com um cordel preso à camarada. Era presa na perna e ela ia sempre. Chamava-se a amparadeira. Alguma que era má, ela encostava e apertava-a ali de encontro à cancela. Chama-se isso amparadeira.