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Alvor, excerto 3
Text: -
INF1 E nós, [pausa] a sacrificar, vamos à isca.
A minha mulher é como vê a trabalhar.
E trabalha de noite e de dia!
Levanta-se às cinco horas da manhã [pausa] para ajudar a vida, para a gente [vocalização] resgatar a vida.
E estão a atravessar a vida [pausa] do pobre…
O rio O Estado, ele pode pagar aos quinhentos escudos por ano…
Vá que ele pague a um conto e quinhentos.
A um conto e quinhentos, a gente, se calhar a coisa bem…
A gente pode- podemos pôr perder as nossas artes – vê tanta arte que a gente tem aí…
Tantos contos réis que estavam aí já empregados.
uma arte destas já custa quase três contos.
Este anzolinho está – não havia de estar mas está…
Estava a seis escudos, o ano passado, seis e quinhentos,
este a- agora está a vinte nove escudos!
Uma madeixa de sedela destas [pausa] estava [vocalização] a cen- a, a nov- a oitenta [pausa] e cinco escudos – há quatro anos!
Há dois anos Há dois anos estava a noventa e [vocalização] cinco, depois a cento e vinte,
agora está a trezentos [pausa] e cinquenta!
mai-, ainda sobem mais da conta.
Não havia de vir a ser justificado?
Se a madeixa sedela vem do estrangeiro [pausa] por cento e cinquenta mil réis, qual é a razão de vender a trezentos e trinta?
Porque agora parece-me a mim que comprei uns anzóis…
Que a um viajante, há dois meses, vi eu levar anzóis para vender a vinte e seis…
[vocalização] Para ele venderam-lhe a doze escudos
e ele só podia vender a vinte dois.
Portanto que as coisas vêm baratas.
O mais, eles estão têm os seus operários,
têm [vocalização] é claro, têm os seus…
mas isto também não é assim que se faz.
INF1 Bem, tem que ter uma percentagem,
Um homem já ganha nove ou dez contos.
Mas as coisas é tudo normal.
Aumenta este [vocalização] Foram aumentados cem,
está a vinte nove escudos os anzóis,
para o mês que vem está a trinta,
Então como é que é que isto ele é feito?!
INF1 E não E não há que se fechem.
A gente conhece que têm que ganhar.
e eles ganharam da deles!
Mas não poderá ser assim tudo à barrigada.
Que mais tarde quem tem fome morre.
[vocalização] E a coisa prolonga-se pelo lado do mal…
Sempre a gente explorar o outro,
mas quer dizer [pausa] tudo viver de barriga cheia.
Então e como é os outros?
É porque eu hoje tenho negócio que os meus filhos amanhã podem ir lá trabalhando.
E a gente temos que levar-lhe alguma coisa.
Porque a gente, nós precisarmos de alimento, precisamos.
Mas temos que ser iguais .
Ainda somos menos que era-se antigamente.
Agora ainda é cada vez pior.
se aquele vende a dezano- a vinte nove, ele, se puder, vende a trinta e cinco, o outro vende a quarenta e nove, e coisa e tal.
E a gente já sabe que temos que ganhar, temos…
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