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Castro Laboreiro, excerto 13

LocalidadeCastro Laboreiro (Melgaço, Viana do Castelo)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Alarico Albertina

Text: -

[1]
INF1 Não.
[2]
INF2 Não, não.
[3]
INF1 Conheço.
[4]
Conheço.
[5]
Que ele aparece, às vezes, tal como o lobo.
[6]
INF2 Olhe…
[7]
Quer ver?
[8]
O lobo, [pausa] ainda há para aí há dois dias que ele ia com as ovelhinhas e apareceu.
[9]
Ali, ali.
[10]
Aqui já pertinho ali, [pausa] do lado de lá donde donde estiveram comigo.
[11]
INF1 Quer ver?
[12]
Olhe…
[13]
INF2 Apareceu-lhe a ele.
[14]
INF1 Foi o seguinte…
[15]
[pausa] Até foi uma sorte!
[16]
Que a minha mulher…
[17]
[pausa] Fomos a Temos uma propriedade lá em cima;
[18]
e costumamos ir levá-las lá, todos os quase todos os dias.
[19]
E [vocalização] já até há quem lhe diga às vezes: "Ah, que tanta sorte e tal!
[20]
Agora tu, ele qualquer dia o lobo vem e"…
[21]
Porque ele, enquanto tiver que matar, mata.
[22]
[pausa] E se não podem sair os animais para fora, ele não é não é: chega e agarra um e foge.
[23]
Mata sempre, [pausa] o lobo.
[24]
E de maneira que nunca aconteceu nada.
[25]
O Ao outro dia, na sexta-feira, era para ir à feira,
[26]
mas eu estava um bocado [pausa] aborrecido.
[27]
Eu digo assim: "Hoje não vou".
[28]
[pausa] E [vocalização] E digo assim:
[29]
"Agora, agora vou-te eu [pausa] vou eu soltar as ovelhas um bocadinho
[30]
e e trago-as para baixo [pausa] para a casa".
[31]
E mudei-as.
[32]
Não foi ali na, no, no, no tal na tal propriedade;
[33]
mas mudei-as para outra propriedade que temos ali à beira.
[34]
Ora, eu nunca o vira ali.
[35]
Cheguei lá,
[36]
estava um bocado frio.
[37]
E E havia ali lenha.
[38]
Eu trago sempre fósforos.
[39]
[pausa] Trago sempre…
[40]
Não fumo,
[41]
mas trago sempre fósforos.
[42]
Acendi o lume
[43]
[pausa] e tinha um pauzinho, ali, comigo.
[44]
[pausa] Com a samarra que está acolá, [pausa] às costas, e pus-me [pausa] à beira do lume.
[45]
Havia um cepo – um carvalho que cortara –
[46]
e fazia como uma mesinha.
[47]
E depois, [pausa] sentei-me.
[48]
Mas eu não estava bem
[49]
e pus-me a pé.
[50]
Pus-me a pé.
[51]
E nisto, eu encostado assim ao pau – e é como daqui ali, ali ao cabo da cozinha, pertinho –, eu do caminho de fora, vvvuu [pausa] quase em cima duma ovelha – da mais grande que temos.
[52]
Eu digo-lhe: "Ai, ai, é, é?!
[53]
Espera lá".
[54]
Imediatamente, para fora, outra vez.
[55]
INF2 Tornou .
[56]
INF1 Atravessou…
[57]
Ele vinha assim dum caminho, de lá;
[58]
e depois, nem foi para o caminho donde vinha,
[59]
nem seguiu para a frente.
[60]
E há em cima uma estradinha que fizeram, que é para o, para onde para onde veio [vocalização] a água, agora aqui [pausa] para o para a povoação.
[61]
E atravessou os dois sítios.
[62]
E eu [pausa] puxei assim para fora;
[63]
havia um [vocalização] cancelo,
[64]
abri-o;
[65]
e saí para fora
[66]
e agarrei uma pedra na mão…
[67]
Não tinha mais nada.
[68]
Eu não tinha mais nada ali.
[69]
Se tivesse, [pausa] ele ele levava.
[70]
INF2 Olhe, e se tivesse, claro, era uma lin- uma grande sorte.
[71]
Mas não tinha.
[72]
INF1 Mas não tinha.
[73]
E de maneira que, quando eu fui, já ia [pausa] lá em cima no cimo.
[74]
INF2 Fugiu,
[75]
pois fugiu.
[76]
INF1 Gra– Grande e magro.
[77]
Pois fugiu.

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