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Gião, excerto 15

LocalidadeGião (Vila do Conde, Porto)
AssuntoO porco e a matança
Informante(s) Cunegundes

Text: -


[1]
INF Fazíamos de sangue.
[2]
Chamávamos chouriças de sangue, chouriças de couros e chouriças de farinha e chouriças de carne.
[3]
INF Era.
[4]
Ai, uma variedade!
[5]
Ai, meu Deus!
[6]
Eu se me visse
[7]
A gente podia comer tudo tão bem,
[8]
agora tudo faz mal.
[9]
Ai, meu Deus!
[10]
Mas também ele as coisas eram outras, não sei.
[11]
A gente ia então àquelas [pausa] tiras que era para derreter, as tais tiras que a gente cortava
[12]
INF Tinha de as esfolar, não é?
[13]
Esfolava,
[14]
tirava-lhe couro.
[15]
Ficavam para derreter.
[16]
E aqueles couros, a gente não tirava não os esfolava assim muito fininhos.
[17]
Partíamos com a faca a ficar um couro com um bocadinho de, de, de
[18]
INF de carne com aquela carne gorda, um bocadinho.
[19]
Partia-se toda aos quadradinhos miudinhos.
[20]
Toda a gente a partir couros!
[21]
Era uma penitência!
[22]
A gente fazia aquilo muito miudinho, os couros muito aos quadradinhos muito miudinhos.
[23]
[pausa] E fazíamos depois:
[24]
deitávamos o sal e vinho e [vocalização] o sangue de porco.
[25]
O sangue e [vocalização] e um bocadinho de vi- de vinho e, e elas e um pisquinho de farinha, de nada, ali, e um bocadinho de gordo também para para elas não ficarem muito secas.
[26]
INF Pronto!
[27]
Faziam-se ali as chouriças deixava-se um pedaço sem encher , da própria tripa.
[28]
INF Que agora é tudo de plástico até.
[29]
INF E a gente fazia assim
[30]
e depois dava-lhe metia numa panela de água a ferver
[31]
e pendurava-as um
[32]
INF um dia ao fumo, com bastante fumo ali no lar.

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