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Granjal, excerto 23

LocalidadeGranjal (Sernancelhe, Viseu)
AssuntoA saúde e as doenças
Informante(s) Ercília Elina

Text: -


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[1]
INF1 Quando é um
[2]
Assim quando mancam duma perna, que é mais curta que a outra, como é que se chama?
[3]
INF2 Manca uma, uma.
[4]
Porquê?
[5]
Porque teve qualquer coisa, sabe?
[6]
INF1 Teve uma paralisia, ou
[7]
INF2 Sim.
[8]
INF1 Ou assim.
[9]
INF2 A da minha Ernestina
[10]
INF1 É uma paralisia.
[11]
INF2 A da minha Ernestina [pausa] foi um ar.
[12]
INF1 Pois.
[13]
Foi um ar?
[14]
INF2 E elas não queriam saber de atalhar o ar.
[15]
[pausa] Mas a a perna estava
[16]
INF1 Mais curta.
[17]
INF2 Muito mais curta!
[18]
INF1 Mais curta!
[19]
Um ar é muito perigoso!
[20]
INF2 Quando lhe deu o ar, foi para o, para o para o ribeiro.
[21]
INF1 Um ar é muito perigoso!
[22]
INF2 Lavou as pernas.
[23]
[pausa] A pequena ia quente.
[24]
[pausa] Recebeu
[25]
INF1 Aquele frio!
[26]
INF2 aquele ar daquela daquela frialdade das pernas, da da água.
[27]
INF1 Pois.
[28]
INF2 É, foi.
[29]
Em oito dias ou
[30]
Era num grito, num grito, num grito!
[31]
INF1 Era o ar.
[32]
Era o ar.
[33]
Mas bem
[34]
Mas veja, os médicos não querem saber dessas coisas.
[35]
INF2 Foram ao doutor,
[36]
era injecções.
[37]
INF1 Isso não.
[38]
Não querem saber disso para nada.
[39]
INF2 Era bisnagas para esfregar.
[40]
Quanto mais esfregava, mais doía.
[41]
INF1 A gente é que atalha o ar.
[42]
Atalha o ar.
[43]
E a gente tem um lenço da cabeça.
[44]
E tira-se o lenço da cabeça
[45]
e e estende-se assim numa mesa.
[46]
E a gente vai puxando a assim.
[47]
Mede.
[48]
Mede os palmos que tem o lenço até ao cabo.
[49]
E se for ar, o lenço cre- mingua.
[50]
Mingua.
[51]
Não tem a, a o que tinha.
[52]
Supomos que o o lenço chegava daqui aqui, não é?
[53]
Mas se for um ar, e que a gente atalhe o ar e que meça, falta sempre um
[54]
não chega aqui,
[55]
vem assim,
[56]
mingua.
[57]
Mingua um bocado.
[58]
Mingua bastante.
[59]
É.
[60]
Então a gente atalha-lhe o ar.
[61]
E depois torna a perna ao seu lugar.
[62]
E pessoas que até ficam aleijadas porque não sabem o que aquilo é.
[63]
É.
[64]
E E os médicos não dão com isso.
[65]
INF2 Ai!
[66]
INF1 É.
[67]
Os médicos não querem
[68]
INF2 Aquela foi assim
[69]
INF1 É É com umas palavras que se dizem.
[70]
INF2 E depois
[71]
[pausa] "Se és ar, ou quebranto, ou olhado, saia deste corpo como o sal sai do mar sagrado".
[72]
INF1 É.
[73]
INF2 "Em louvor do Santíssimo Sacramento"
[74]
INF1 "Sacramento, esta alminha sare no momento".
[75]
INF2 "Todo este mal seja atalhado".
[76]
INF1 É.
[77]
INF2 Diz-se assim umas palavrinhas.
[78]
E depois defuma-se.
[79]
INF1 Com alecrim, ou loureiro ou.
[80]
INF2 Ou uns canelos.
[81]
INF1 Ou Ou uns canelos [pausa] dos dos animais.
[82]
INF2 Em brasa.
[83]
INF1 Os canelos dos animais é aquelas ferraduras que trazem nos
[84]
INF2 Ou os guilhos
[85]
Ou os guilhos do moinho.
[86]
INF1 Ou uns guilhos [pausa] do moinho.
[87]
INF2 De aço.
[88]
INF1 Sim, minha senhora.
[89]
Os guilhos dos moinhos é, é são umas pedrinhas lisas.
[90]
INF1 Sim, minha senhora.
[91]
Sim, minha senhora.
[92]
E isso, se for ar, a gente mete-o no vinagre, em vinagre quente.
[93]
INF2 Em brasa.
[94]
INF1 Em brasa.
[95]
E estoira.
[96]
Estoira.
[97]
E se não for ar, não estoira.
[98]
E também se atalha com três com três carvõezinhos.
[99]
Também se ata-.
[100]
Com os carvões também se atalha bem.

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