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Ribeiras, excerto 12
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Eu também tenho uma lanchinha a motor, pequena.
Vou também ao mar apanhar uns peixes para fazer também uns trocos, quando se calha.
Ele o homem do mar tem que se deitar de qualquer maneira, porque, é claro, a vida está…
INF1 Ah, vou também ainda umas milhas!
E, às vezes, vai-se mais.
Eh, pá, não se pode se desviar muito
pois arreio à baleia, não é?
Pois se eu não arreasse à baleia, pois podia ir mais
Até cinco milhas pode-se ir lá longe no nosso canal, à nossa ponta de leste.
Eu por mim não vou, porque, é claro, tenho que estar aqui mais perto por causa da baleia.
Se estou matriculado, tenho que cumprir a coisa.
INF1 Está lá numa vigia, lá em cima, que a senhora pode…
Tem ocasião para ver, se sair para a rua, aqui no meu prédio,
está lá em cima um bocado, acolá alto.
INF1 Esta vigia até está sem vigia.
Ele o vigia está lá em cima no, no no Arrife.
Mas [vocalização] nos tempos que isto havia a influência da baleia, todo o dia, de manhã ao so-, quer dizer, entre o sol sair [pausa] até à tarde.
INF1 Até Assim de Verão, até às seis, sete horas da, da da tarde.
Não, porque ele não está capaz, não vale a pena estar lá.
O homem da vigia vai fazer uma volta para si;
claro, também tem as suas voltas, não é?
E [vocalização] E não está capaz mesmo.
Não se pode arrear à baleia;
com o tempo que está aí, não se pode.
As embarcações são são pequenas.
[vocalização] Quem é que se metia naquilo?!
INF2 Pois isto aqui, precisamente, se fosse só a viver da baleia, por muito o mestre Balduíno, ou o meu irmão, ou outro não podia viver.
Porque qualquer pessoa desses rapazes ou mesmo o mestre Balduíno, [pausa] pois trabalharam um bocadinho na vida do mar e têm o seu bocadinho de dinheiro no banco,
além disso têm os seus bocadinhos de terra,
e não pagam renda de casa porque elas são suas.
Pois se não está bom da baleia, o mestre Balduíno vai meter um pé de couve, ou uma batata, ou os seus legumes para a casa.
Quer dizer, não se compra.
Depois o peixe também, precisamente, não é comprado.
Aqui o que a gente compra, na nossa classe marítima, é precisamente só a carne.
O resto, que a gente tenta nas embarcações miúdas, [pausa] fazemos mais ou menos para a despesa da casa durante o ano, para o dinheiro que a gente ganha – e depois juntamos – ou na pesca do atum ou qualquer coisa,
pois esse dinheiro fica para nós um dia quando não podemos trabalhar, pois as reformas também são pequeninas…
Hoje em dia, por exe-, está bem bom,
sempre são dois contos e tal.
Se a gente não tiver dinheiro no banco, pois nós não podemos viver como o meio de vida está.
Por isso a gente tenta, enquanto somos novos, aproveitarmos o Inverno, [pausa] porque se for só a olhar para o dinheiro da baleia, não dá para qualquer pessoa, qualquer um destes passar.
Porque eles estão aqui precisamente…
A [vocalização] matrícula é feita durante um ano.
Durante o ano, no ano passado, vocês tiveram vinte oito – não foi? –, de soldada.
Pois vinte oito contos de soldada é pouco dinheiro.
INF1 Ah, minha senhora, mas eu, nos princípios de baleia, [vocalização] ganhava-se a dois contos e tal por ano!
Mas, mas ainda mesmo assim, era muito pouco!
Eram dois contos e tal, três contos e coisa, três contos e coisa…
Era pouco mais do que isto.
Era sempre isto, mais ou menos.
Dois contos e tal, três contos e tal.
É claro que aquilo, às vezes, o [vocalização] quando havia mais abundância de óleo, pois [pausa] mais barato; quando havia menos menos abundância de óleo, [vocalização] às vezes, mais caro uma coisinha.
E de forma que, e era Mas era aquilo que a gente tinha de navegar a vida!
INF1 É, sim senhora, pelo litro de óleo.
A gente não temos nada com as farinhas, nem coisa.
Isso não temos nada com isso!
As farinhas é já da fábrica.
A fábrica [vocalização] A gente toma uma baleia apanha uma baleia,
vamos levar para fábrica.
A fábrica [pausa] A gente tem uma baleia
e é vinte cinco por cento para a fábrica.
E só nos cabe então as outras quatro partes.
Não temos nada a ver com isso.
INF1 [vocalização] Isso já é a fábrica é que resolve isso;
A fábrica, ele só derreteu o nosso óleo.
[vocalização] Mas é assim…
a fábrica só derreteu o nosso óleo e deu-nos só a percentagem do óleo que a gente lhe apanhou a a – como é que eu hei-de dizer – a vinte cinco por cento.
e o resto, ele é aqueles apuros que ela tira para si.
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