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Bandeiras, excerto 27

LocalidadeBandeiras (Madalena, Horta)
AssuntoNão aplicável
Informante(s) Cecília Carina

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[1]
INF1 É.
[2]
INF2 Eu nem me lembra.
[3]
Risos A minha filha foi muito bem.
[4]
A minha filha, isso devia-me eu queixar, foi devagar.
[5]
Eu tinha trinta e seis anos quando a minha filha nasceu.
[6]
Mas eu ainda, ali à tardinha ao pôr-do-sol, ainda fui para casa da minha tia fazer uns biscoitos.
[7]
Naquele tempo não se usava pão como se usa hoje.
[8]
E é que isso eu estava com o ouvido à escuta de ser [vocalização] em poucas horas.
[9]
Disse: "Eu vou é fazer um quilo ou dois de biscoitos, porque sendo preciso, alguma pessoa que esteja mais eu, sendo preciso, com um pingo de café, me arremedeio.
[10]
Não quero ir sair para as casas de ninguém pedir um bocado de pão".
[11]
E assim foi.
[12]
Chegou-se ali ao pôr-do-sol,
[13]
eu fui para casa de minha tia
[14]
e fiz uma coisinha de biscoitos.
[15]
E depois vim para casa
[16]
Mas estava a [vocalização] queixar-se, somenas.
[17]
Pegava num braçadinho de lenha,
[18]
chegava aqui ao caminho que ainda nessa altura não tinha forno ,
[19]
parava um instantinho,
[20]
parava mais adiante,
[21]
parava outro instantinho,
[22]
e fui andando assim
[23]
e fiz os meus biscoitos.
[24]
Depois vim para casa,
[25]
mas depois então rebentou-me a bexiga de água.
[26]
E depois eu estive-me lavando,
[27]
peguei numa toalha turca, branca, que tinha,
[28]
dobrei-a
[29]
e pus em mim,
[30]
e ainda fui para casa de minha tia, eu mais o meu marido, moer uma fornada de milho.
[31]
Mas depois vim para casa.
[32]
quando vim para casa, ainda tive o ferro aceso para passar um guardanapo e um lenço da mão;
[33]
era a mania de não querer ter nada por passar de ferro.
[34]
Mas então o lenço da mão, ia quatro e cinco vezes, para bem de o passar.
[35]
O meu marido disse que ia chamar minha mãe.
[36]
Digo: "Não se vai chamar ninguém.
[37]
Que eu quero impar sequer aqui à minha vontade"!
[38]
E foi me- foi mesmo assim.
[39]
Diz ele: "Ah, mas eu não estou aqui sozinho, eu mais tu, porque não compreendo nada disso".
[40]
E ele, coitado Mas eu não me queria deitar,
[41]
queria estar era sempre em , à minha vontade.
[42]
Diz ele: "Não, mas vais-te deitar
[43]
e eu vou a casa de tua mãe".
[44]
eu me deitei
[45]
e ele foi .
[46]
Era meia-noite e dez minutos quando minha mãe chegou aqui.
[47]
E era uma hora e dez,
[48]
eu estava na cama com a minha filha.
[49]
Mas foi então:
[50]
ela foi aqui chamar uma vizinha, para estar com ela porque ela tinha medo, como eu tinha mais uma idadezinha ,
[51]
e depois, mas, foi quando ela chegou, foi logo, em coisa de uma hora.
[52]
E elas depois obrigaram-me a pôr de joelhos.
[53]
Digo: "Ah, não!
[54]
Vocês!
[55]
Eu quero estar é em ,
[56]
quero ir para o céu"!
[57]
"Então estandes em e a pequena nascendo, ela morre-te"!
[58]
Eu era mesmo estropelinas!
[59]
Olha, me obrigaram a pôr de joelhos,
[60]
e eu fui: "Olha, é agora"!
[61]
Foi como um peixinho-rei,
[62]
foi um instante!
[63]
Nessa altura, era sempre à moda antiga!
[64]
Diziam elas: "Ó Graciano vai à cozinha buscar uma garrafa que é para ela assoprar no gargalo duma garrafa".
[65]
Ele era.
[66]
Olhe, ele tão depressa deu a volta,
[67]
deu dois passos,
[68]
[vocalização] veio veio o parto.
[69]
Foi assim tudo em segundos.
[70]
Fiquei desembaraçada.
[71]
De maneira, eu que pedi?
[72]
"Olhem, vocês"
[73]
Tinha então as minhas coisinhas todas arranjadinhas, a roupinha da miúda, e mesmo roupa para mim.
[74]
Dei-lhe o meu bocado de pano de turco: "Olhem, vocês ensaboem-me este paninho".
[75]
Lavei-me,
[76]
enxuguei-me
[77]
e fui mesmo por os meus pés para a cama.
[78]
Fui então muito feliz!
[79]
Porque tinha uma mancheia de anos,
[80]
e foi indo assim.
[81]
Que foi mesmo em casa, não precisei
[82]
havia hospital!
[83]
Mas eu não queria ir para o hospital.
[84]
Foi então mesmo em casa.
[85]
E depois elas então minha mãe então é que cuidou disso:
[86]
é que corta o umbiguinho à miúda, e é que lhe deu o seu banhozinho geral.
[87]
E então, naquele tempo, também usava-se as suas cintazinhas de flanela, com quatro arreatazinhas, que se amarrava.
[88]
Mas elas punham então um bocadinho de unto sem sal e uma coisinha de tabaco.
[89]
INF2 Uma coisinha de unto sem sal e uma coisinha de tabaco.
[90]
INF2 Deste tabaco que se cheira, deste fininho.
[91]
INF2 No umbigo.
[92]
E depois, dali, lavavam a pequenina
[93]
e depois tornavam a pôr aquilo.
[94]
Acabante cinco, seis diazinhos, cai aquilo tudo fora
[95]
e fica o umbigo saradinho.
[96]
E vestiram-na.
[97]
Depois a minha mãe dizia assim: "Olha, toma cuidado!
[98]
Tu não dês em dormir!
[99]
Porque isto às vezes dão em dormir,
[100]
mas isto depois deitam umas cordazinhas amarelas ou coisas por a boca, que depois elas às vezes sufocam"!

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