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Serpa, excerto 22

LocalidadeSerpa (Serpa, Beja)
AssuntoA vinha e o vinho
Informante(s) Aristómaco

Text: -

[1]
INF É uma [vocalização]…
[2]
Chama-se uma prancha.
[3]
INF Uma prancha.
[4]
INF Essa [vocalização] Essa prancha era tira- era man- mandada por meio de uma manivela com com um ferro metido
[5]
ou fosse [vocalização] um bocado de madeira.
[6]
INF Pois.
[7]
INF Uma vara.
[8]
Pois.
[9]
[pausa] E eram duas ou três pessoas a andar com aquilo à roda,
[10]
e aquilo ia dando aqueles estralos,
[11]
e era uma espécie duma rosca,
[12]
ia rodando,
[13]
ia apertando,
[14]
ia apertando,
[15]
ia apertando.
[16]
Pois.
[17]
INF [vocalização] A vara gi- girava.
[18]
Era móvel.
[19]
A gente tirava-a
[20]
e punha-a punha.
[21]
INF Tem o… Para andar aquilo para baixo é por meio de rosca.
[22]
Pois.
[23]
Agora, o sítio daqui onde se se metia tinha [vocalização] um caixilho – um caixilho assim como isto.
[24]
A gente [vocalização] mete numa vara…
[25]
Essa na Suíça, então, trabalhei eu,
[26]
o primeiro ano, trabalhei assim.
[27]
Pois.
[28]
Na Suíça, trabalhei assim.
[29]
Essa, essa foi assim como era cá no outro tempo,
[30]
mas cá [pausa] nunca tra-, que-, se- cheguei a trabalhar cá nessas.
[31]
Mas lá trabalhei naquele.
[32]
E no segundo ano quando estive com aquele patrão, já foi aí eléctrico.
[33]
Acabou com aquilo, que aquilo custava muito.
[34]
Claro.
[35]
Tem aquela caixa,
[36]
a gente metia aqui,
[37]
que ela até era uma vara de ferro.
[38]
Era em ferro.
[39]
A gente metia-a aqui,
[40]
punha-se…
[41]
Isto era o [vocalização] aquela parte da bacia – lhe chamavam eles, a bacia – [vocalização] com trinta centímetros assim de altura,
[42]
e nós púnhamos aqui o vinho, ou, quer ver, o engaço da uva depois de estar pisado.
[43]
Púnhamo-lo aqui.
[44]
Depois levava umas tábuas [pausa] a atravessar, umas duma maneira, outras doutras, assim cruzadas.
[45]
E depois levava dois dois barrotes – lhe chamavam eles;
[46]
são dois bocados de pau – com uma diferença su-, vá, suponhamos de quinze centímetros, para cada lado, [pausa] por um metro de comprido, conforme fosse a [vocalização] a largura que a- que aquele tabuleiro tem.
[47]
Porque, o tabuleiro, há uns maiores do que outros:
[48]
se for maior, mais despacho dá;
[49]
se for mais pequeno, dá dá menos.
[50]
[pausa] Isso depende.
[51]
Mas o feitio é igual.
[52]
E depois a gente [pausa] metia ali aquela parte da da prancha.
[53]
Tem um Tem um bocado dum ferro,
[54]
trazia-se abaixo – ouviu? –
[55]
e o homem metia.
[56]
Conforme ia rodando, ia andando à volta.
[57]
Ia andando à volta
[58]
e aquilo ia pregando um estralo: trás, trás!
[59]
Ia rodando,
[60]
ia passando a rosca
[61]
e aquilo vinha descendo abaixo,
[62]
vinha descendo abaixo.
[63]
E o vinho vinha a correr para fora.
[64]
Pois.
[65]
Lá estava a tal dita tina de madeira a apará-lo.
[66]
Se estava cheio, nós carregávamos com uma outra vasilha, com uns baldes, para os potes.
[67]
INF Isso foi o que a gente o que fiz no primeiro no primeiro ano, com essa coisa da vara.
[68]
INF Pois não.
[69]
A gente, eles, eles lá Eles lá cha- chamavam-lhe o pé, [vocalização] a água-pé.
[70]
Pois.
[71]
Eles lá chamavam-lhe a água-pé quando ele quando ele estava a ferver.
[72]
E quando ele deixava de ferver, depois é que já passava [pausa] ao nome de vinho.
[73]
INF Há o mostro.
[74]
INF É o mostro do vinho.
[75]
Pois.
[76]
Que é o doce!

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