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Unhais da Serra, excerto 24

LocalidadeUnhais da Serra (Covilhã, Castelo Branco)
AssuntoO moinho, a farinha e a panificação
Informante(s) Dimas Dídia Diodoro

Text: -


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[1]
INF1 E depois de estar limpinho, vai ao moinho.
[2]
[pausa] Vai ao moinho,
[3]
[vocalização] o dono do moinho o mói [pausa] a quem o leva, do proprietário.
[4]
Depois de moído, [pausa] então a pessoa que que o tratou e o malhou vai, depois de moído, vai então para casa
[5]
e depois vai pedir a vez ao forno.
[6]
[pausa] A senhora vai ao forno
[7]
e diz [vocalização] à dona do forno:
[8]
"Ó senhora fulana de tal, quero cozer hoje.
[9]
Tenho vez"?
[10]
A dona do forno depois diz:
[11]
"Tem, sim senhor.
[12]
[pausa] Quantos alqueires são, que você vai cozer"?
[13]
Ou é um ou um e meio.
[14]
Por exemplo, a dona do forno sabe as pessoas que vão a pedir a vez,
[15]
sabre [pausa] tem que saber quanto é que vai cozer, se é um alqueire, se é alqueire e meio.
[16]
[vocalização] Porque o forno leva, por exemplo, doze alqueires,
[17]
[pausa] e as pessoas que vão, uma é meio alqueire,
[18]
outra é um alqueire,
[19]
outra é alqueire e meio,
[20]
e depois o forneiro faz a conta até chegar aos doze alqueires que o forno leva.
[21]
Não pode convidar mais que depois não lhe cabe .
[22]
INF1 E depois [vocalização] a senhora que vai cozer o pão [pausa] criva a farinha com umas peneiras que havia antigamente agora parece que é à máquina, mas nesse tempo era umas peneiras a peneirar farinha ,
[23]
e depois diz pede ordem à forneira:
[24]
"Ó minha senhora, quando é que hei-de amassar"?
[25]
[pausa] A mulher espera que que o forneiro dizer [vocalização] dar ordens para amassar.
[26]
"Ó senhora fulana de tal, pode amassar"!
[27]
E depois uma pessoa que vai dar a volta a todas.
[28]
"Olhe, pode amassar".
[29]
Depois amassa,
[30]
metem-lhe o bocadinho do fermento para o pão crescer [pausa] para o pão crescer.
[31]
INF1 E depois de amassado está ali talvez [vocalização] hora e meia ou duas horas amassado.
[32]
[pausa] E depois, ele quem o amassou torna a esperar pela vez do forneiro [pausa] para mandar tender.
[33]
Quando depois está finto, está crescido, é tapado com umas mantas,
[34]
é farinha e tal, tal, tal,
[35]
e depois espera pela vez de mandar tender.
[36]
Torna a amassar,
[37]
torna a dar umas voltinhas, que é a tender,
[38]
dá-lhe mais umas voltinhas
[39]
e depois corta então aos bocadinhos.
[40]
[pausa] Faz então as broas ou o pão.
[41]
E tem o tabuleiro ao lado.
[42]
Põe no tabuleiro logo com com um lençol, ou uma toalha;
[43]
vai cortando aos bocadinhos,
[44]
[pausa] e põe no tabuleiro.
[45]
Conforme a quantidade que é, põe no tabuleiro.
[46]
E depois então o forneiro, [pausa] com antecedência, mete a lenha ao forno [pausa] que é para aquecer bem ,
[47]
e depois o forneiro vai então dar a volta [pausa] a todas a acartar os tabuleiros para o forno.
[48]
O forno tem ali umas mesas em pedra tinham, agora não existe! ,
[49]
tinham umas mesas em pedra
[50]
e pousavam ali os tabuleiros cada uma! , cada uma das pessoas.
[51]
E depois chegava-se à altura de o forno estar quente,
[52]
o forneiro com um vassouro [pausa] de giesta ou de pinho, rama de pinho, e tal, varria aquilo bem varridinho,
[53]
e tentava meter o pão.
[54]
Portanto, havia ali seis ou sete mulheres, ou que fossem cinco
[55]
O que tinha que ser era a conta de doze alqueires, que é o que leva o forno.
[56]
INF1 O forneiro sabe o que aquilo leva ,
[57]
[pausa] assim dizia às mulheres:
[58]
"Quanto é que vais amassar?
[59]
Alqueire?
[60]
Ou alqueire e meio?
[61]
Conta até "
[62]
O forneiro fazia a conta,
[63]
tinha que dar os doze alqueires, que é o que leva o forno.
[64]
INF1 Senão depois o pão tinha que ficar fora.
[65]
E não podia ser.
[66]
[pausa] Metiam então o pão para o forno.
[67]
[pausa] E depois [vocalização] para diferençarem o pão, como é que haviam de fazer?
[68]
é que é importante.
[69]
Pois,
[70]
a senhora metia o seu tabu- o seu pão, o senhor igual,
[71]
ele metia igual, eu igual,
[72]
e depois para a tirada de estar cozido, como é que o haviam de diferençar?
[73]
Antes de o meterem
[74]
[pausa] Por exemplo, a senhora:
[75]
"Ó senhor forneiro, que sinal é que eu ponho ao meu pão"?
[76]
[pausa] "Um dedo".
[77]
Fazia uma poça com o dedo na na broa.
[78]
INF1 Ou um dedo
[79]
Outra freguesi- Outra freguesa, depois:
[80]
"E que sinal é que eu ponho"?
[81]
"Ponha dois dedos, duas poças".
[82]
A outra:
[83]
"O que é que eu ponho"?
[84]
"Um pauzinho".
[85]
Um pau da grossura dum lápis.
[86]
[pausa] "Ponha um pauzinho".
[87]
Fazia um buraco com o pau.
[88]
A outra:
[89]
"O que é que eu ponho"?
[90]
"Ponha dois paus".
[91]
Dois buracos com o pau.
[92]
A outra:
[93]
"O que é que eu ponho"?
[94]
"Um belisco".
[95]
Dava assim um belisco na massa.
[96]
[pausa] E quando e- E quando eram muitos, se havia de ter dois buracos com o pau, punha três.
[97]
INF1 Poças com o dedo, se haviam de ser duas, três.
[98]
INF2 E ia o meu pai buscar os tabuleiros, [pausa] a casa das mulheres.
[99]
INF1 Portanto, tinha que tudo levar sinal, tudo diferente.
[100]
INF3 Era para saberem.

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