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Unhais da Serra, excerto 24
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INF1 E depois de estar limpinho, vai ao moinho.
[vocalização] o dono do moinho lá o mói [pausa] a quem o lá leva, do proprietário.
Depois de moído, [pausa] então a pessoa que que o tratou e o malhou vai, depois de moído, vai então para casa
e depois vai pedir a vez ao forno.
[pausa] A senhora vai ao forno
e diz [vocalização] à dona do forno:
"Ó senhora fulana de tal, quero cozer hoje.
A dona do forno depois diz:
[pausa] Quantos alqueires são, que você vai cozer"?
Por exemplo, a dona do forno sabe as pessoas que lá vão a pedir a vez,
sabre [pausa] tem que saber quanto é que vai cozer, se é um alqueire, se é alqueire e meio.
[vocalização] Porque o forno leva, por exemplo, doze alqueires,
[pausa] e as pessoas que lá vão, uma é meio alqueire,
e depois o forneiro faz a conta até chegar aos doze alqueires que o forno leva.
Não pode convidar mais que depois não lhe cabe lá.
INF1 E depois [vocalização] a senhora que vai cozer o pão [pausa] criva a farinha com umas peneiras que havia antigamente – agora parece que é à máquina, mas nesse tempo era umas peneiras a peneirar farinha –,
e depois diz pede ordem à forneira:
"Ó minha senhora, quando é que hei-de amassar"?
[pausa] A mulher espera que que o forneiro vá dizer [vocalização] dar ordens para amassar.
"Ó senhora fulana de tal, pode amassar"!
E depois há uma pessoa que vai dar a volta a todas.
metem-lhe o bocadinho do fermento para o pão crescer – [pausa] para o pão crescer.
INF1 E depois de amassado está ali talvez [vocalização] aí hora e meia ou duas horas amassado.
[pausa] E depois, ele quem o amassou torna a esperar pela vez do forneiro [pausa] para mandar tender.
Quando depois já está finto, já está crescido, é tapado com umas mantas,
é farinha e tal, tal, tal,
e depois espera pela vez de mandar tender.
torna a dar umas voltinhas, que é a tender,
dá-lhe mais umas voltinhas
e depois corta então aos bocadinhos.
[pausa] Faz então as broas ou o pão.
E tem o tabuleiro ao lado.
Põe no tabuleiro logo com com um lençol, ou uma toalha;
vai cortando aos bocadinhos,
[pausa] e põe no tabuleiro.
Conforme a quantidade que é, põe no tabuleiro.
E depois então o forneiro, [pausa] com antecedência, mete a lenha ao forno – [pausa] que é para aquecer bem –,
e depois o forneiro vai então dar a volta [pausa] a todas a acartar os tabuleiros para o forno.
O forno tem ali umas mesas em pedra – tinham, agora já não existe! –,
tinham umas mesas em pedra
e pousavam ali os tabuleiros – cada uma! –, cada uma das pessoas.
E depois chegava-se à altura de o forno estar quente,
o forneiro com um vassouro [pausa] de giesta ou de pinho, rama de pinho, e tal, varria aquilo bem varridinho,
Portanto, havia ali seis ou sete mulheres, ou que fossem cinco…
O que tinha que ser era só a conta de doze alqueires, que é o que leva o forno.
INF1 O forneiro já sabe o que aquilo leva ,
[pausa] assim dizia às mulheres:
"Quanto é que vais amassar?
O forneiro fazia a conta,
tinha que dar só os doze alqueires, que é o que leva o forno.
INF1 Senão depois o pão tinha que ficar fora.
[pausa] Metiam então o pão para o forno.
[pausa] E depois [vocalização] para diferençarem o pão, como é que haviam de fazer?
a senhora metia o seu tabu- o seu pão, o senhor igual,
ele metia igual, eu igual,
e depois para a tirada de estar cozido, como é que o haviam de diferençar?
[pausa] Por exemplo, a senhora:
"Ó senhor forneiro, que sinal é que eu ponho ao meu pão"?
Fazia uma poça com o dedo na na broa.
Outra freguesi- Outra freguesa, depois:
"E que sinal é que eu ponho"?
"Ponha dois dedos, duas poças".
Um pau da grossura dum lápis.
[pausa] "Ponha um pauzinho".
Fazia um buraco com o pau.
Dava assim um belisco na massa.
[pausa] E quando e- E quando eram muitos, se havia de ter dois buracos com o pau, punha três.
INF1 Poças com o dedo, se haviam de ser duas, três.
INF2 E lá ia o meu pai buscar os tabuleiros, [pausa] a casa das mulheres.
INF1 Portanto, tinha que tudo levar sinal, tudo diferente.
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