INQ1 Isso ataca. Atacava os rebanhos das ovelhas.
INQ2 Isso é mesmo. Antigamente, aqui não devia haver.
INF1 Ah, este era o lobo.
INQ2 Não havia?
INF1 Havia. Oh, havia?! O lobo?! Oh! Sei uma história do lobo, mas…
INQ1 Então diga.
INF1 Mas ele ainda é grande! Pois, é grande?! É pequena. É pequena, que isto são coisas… E foram E foram coisas que aconteceram.
INQ2 Pois.
INF1 Pois. Foi coisas que aconteceram.
INQ2 E então conte lá.
INF1 Pois. Havia um lavrador que tinha um criado. Pois.
INF2 É melhor desligar isso.
INF1 E então o criado ia deitar todas as noites ia deitar o galo o gado para a para a malhada. E então, haviam lá muitos muitas galinhas lá em casa, lá no no monte, e onde havia um galo que todos os dias, aquando ele ia pôr o gado para a malhada, o galo cantava. Pois. Cantava, cantava, cantava ali um belo pouco. Pois. Ele ia pôr o gado para a malhada, e ele vinha-se embora para o monte. [pausa] Pois. Outra noite ia pôr o gado para a malhada, o galo cantava. Até que o lavrador diz assim: "Ah! O galo faz senão cantar! Havemos de matar o filho da puta e comemo-lo aí todos.
INQ2 Estás a ver?
INF1 Pois. Matar o gado o galo. Comemo-lo aí e fazemos uma caldeirada com ele para a noite, à ceia". Bom, chegou à noite, diz ele: "Olha, criado, vai pôr as reses para a malhada e anda que é para a gente comer o galo que temos aí para a nossa ceia". Ele foi pôr as reses para a malhada… [pausa] Esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esperaram, esse dito boeiro [pausa] nunca mais apareceu. [pausa] Pois. Não apareceu. "Mas assim que é que seria feito do nosso boieiro que ele não apareceu"? Pois. [pausa] Pois. Ficaram todos em cuidados. No outro dia de manhã vão à cata dele, foram-lhe encontrar umas botas, dentro os pés dentro das botas. Mas o resto, não encontraram mais nada. E a roupa toda esfrangalhada. [pausa] Pois. Um lobo! [pausa] Comeu-o!
INQ2 Tchii!
INF1 Pois. Esse lobo comeu, comeu comeu o [vocalização] o criado.
INQ2 O boieiro.
INQ1 O criado.
INF1 O boeiro, pois. Sim senhora. [pausa] Que dizem: "Galo que canta, bicho que espanta"!
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Pois. E pronto.
INQ1 Pois.
INF1 E ficou assim…
INQ2 E bicho que espanta como?
INF1 Naturalmente, o bicho espanta-se o bicho espantava-se com [vocalização] por mor da cantiga do galo! [pausa]
INQ1 Pois.
INF1 Pois tinha que ser por mor da cantiga. Quando o galo cantava, o bicho que se espantava. Espantava-se. É que aquilo durou muitas noites, o galo a cantar! Muitas noites, muitas noites! E na noite que mataram o galo e ele foi levado, pois foi nessa noite que o homem
INQ1 Que o homem…
INF1 que que o bicho comeu o homem!
INQ1 Pois.
INF1 Pois.
INQ2 Rhã-rhã.
INF1 É isso aí.
INQ2 Portanto, é bom ter um galo que cante à noite ou não? Ou é mau?
INF1 Pois. Não. Aquilo às vezes quando eles cantando à noite, aquilo quase sempre é sinales, sinales sinales ruins.
INQ1 Pois.
INF1 É. Quando um galo cantando de noite, aquilo é sinales ruins.
INQ2 Rhum-rhum.
INQ1 Rhum-rhum.
INF1 Pois.
INQ2 Lá ao pé da nossa pensão, ali no do senhor Cleóbulo, todas estas noites cantava um galo, lembras-te que eu até te disse?
INQ1 Sim.
INF2 Ah!
INQ1 Sim, sim.
INQ2 "Lá está o galo a cantar"!
INF1 Às vezes Às vezes, os bichos [VB] levantam… Às vezes até adivinham o tempo – que é sinal de esterilidades, dizem que é sinal de esterilidades – e coisas assim.
INQ2 Ah!
INQ1 Pois.
INF1 Pois. [pausa] Sim senhora. Pronto!